Neste dia 28 de janeiro, Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo, uma abordagem sobre o trabalho infantil
Falar sobre trabalho escravo e trabalho infantil em cadeias produtivas, é falar sobre as mesmas bases estruturais que não apenas ampliam a vulnerabilidade e o risco de certos grupos a serem submetidos à exploração, como interligam essas realidades.
Vamos entender um pouco mais o que isso significa?
A pobreza, a desigualdade, o racismo, o desemprego, a redução de renda – principalmente de mães, que tendem a ser as primeiras a perderem seus empregos em épocas de crise; a falta de oportunidades e de acesso, são alguns dos fatores socioeconômicos, demográficos e estruturais que podem influenciar direta ou indiretamente no risco de violação de direitos humanos e na probabilidade de um grupo estar mais ou menos vulnerável ao trabalho análogo à escravidão.
Em regiões marcadas pela exclusão e falta de acesso a políticas fundamentais, muitas famílias são impedidas de mudar sua condição de vida, colocando não apenas adultos em condições precárias, como crianças e adolescentes.
O trabalho infantil incorre em riscos físicos, emocionais e mentais, que comprometem o desenvolvimento, a educação e o acesso aos direitos mais básicos, limitando oportunidades futuras. Tudo isso leva ao que chamamos de ciclo intergeracional de pobreza e trabalho infantil.
Um cenário de pobreza, desigualdade e desestruturação familiar, potencializado pela falta de políticas públicas de proteção social e de Direitos Humanos, pode colocar em risco o presente e futuro de pais e filhos. Significa dizer que, pais ou responsáveis submetidos a trabalho análogo ao de escravo, impossibilitados de quebrar um ciclo de miséria, possuem menos condições de proteger a infância e garantir oportunidades futuras para as crianças.
Ao mesmo tempo, pesquisas mostram que o trabalho infantil como opção de subsistência para melhorar a realidade da família leva, na verdade, ao agravamento da situação. O baixo rendimento, quando não ao abandono completo do ambiente escolar e o analfabetismo, acentua ainda mais a exclusão social e profissional desses jovens, reforçando o ciclo de vulnerabilidade.
Jovens em contextos de vulnerabilidade como estes desde a infância, podem ter poucas oportunidades de escolha e desenvolvimento; além, é claro, daqueles que crescem envolvidos em relações de exploração e acabam por naturalizá-la. Tudo isso aumenta a possibilidade de que uma criança exposta ao trabalho infantil hoje, se torne um adulto em situação análoga a de escravo no futuro.
Fonte: Inpacto