MPT na Escola: estudantes da rede pública de ensino de Cuiabá são premiados

A Secretaria de Educação de Cuiabá realizou, na última quinta-feira (7), a solenidade de entrega da premiação do Projeto MPT na Escola – Etapa Municipal, evento on-line transmitido ao vivo pelo canal da Escola Cuiabana. O projeto é uma inciativa do Ministério Público do Trabalho, em parceria com a Prefeitura de Cuiabá, por meio da Secretaria Municipal de Educação, e envolveu 2 mil estudantes do 4º ao 7º Anos do Ensino Fundamental, além de 84 professores, com apoio de gestores escolares de 10 unidades educacionais da rede pública municipal de ensino.

Assista à premiação aqui.

Foram premiados os três primeiros lugares das categorias Poesia, Conto, Desenho e Música. Conforme o regulamento, os primeiros lugares de cada uma delas participarão da etapa estadual do projeto.

O procurador do MPT André Canuto, coordenador regional de Combate à Exploração do Trabalho da Criança e do Adolescente (Coordinfância) do MPT em Mato Grosso, esteve presente na sede da SME durante a transmissão e elogiou o empenho e a organização do evento.

“Muitíssimo obrigado ao Município de Cuiabá, através da Secretaria Municipal de Educação, a todos os professores e professoras que participaram do projeto, eu espero que tenha sido prazeroso, que tenha sido bem-sucedido para vocês em sala de aula também, porque a ideia é que seja um trabalho didático, interessante, que haja esse engajamento infantil, que haja protagonismo infantojuvenil, exatamente para que a gente consiga levar essa causa — mais do que uma causa, um direito fundamental de crianças e adolescentes — à frente.”

Ele saudou o público que estava acompanhando a live e, em especial, os participantes do projeto nas suas EMEBs. “É sempre muito importante lembrar que isso existe por vocês e para vocês, alunos, estudantes, professores, toda a comunidade escolar, porque no combate ao trabalho infantil já está muito evidente para o Ministério Público e para todos os integrantes da rede de proteção à infância e adolescência que essa é uma tarefa que apenas pode ser bem-sucedida se for encampada, se for realizada por todos e todas na sociedade. É preciso que haja adesão não só dos órgãos públicos que defendem crianças e adolescentes, mas também da sociedade em geral, empresas, instituições privadas, famílias, comunidade escolar como um todo, porque sem isso a gente não consegue por exemplo, desmistificar algumas ideias.”

O procurador mencionou a história contada anteriormente no evento pela professora Elijane Gonçalves Lopes, coordenadora técnica de ensino, uma vítima de trabalho infantil. “Ela [professora Eliane] estava falando um pouco antes sobre a sua realidade, o seu contato com o trabalho infantil, infelizmente isso ainda é muito comum e os prejuízos são muito evidentes quando crianças e adolescentes são expostos de modo muito antes do que se deseja, que se espera, a uma situação de trabalho. Os prejuízos podem ser de natureza física, emocional, psicológica, mas sempre vai lhes afetar as oportunidades de desenvolvimento porque desenvolvimento é algo que vai muito além de economia. E a respeito da economia é sempre bom lembrarmos também que trabalho infantil não é solução, não é meio para desenvolvimento econômico de um país, de uma sociedade, de um Estado, muito menos de uma criança ou de um adolescente.”

Ele finalizou mandando um recado direto aos jovens. “Vocês, adolescentes, pré-adolescentes, crianças, têm o direito e nós temos o dever de assegurar que os direitos de vocês sejam respeitados, que vocês tenham chances de estudar e ter uma oportunidade de trabalho lá na frente, no máximo através da aprendizagem profissional, no tempo certo, que é a partir dos 14 anos. Antes disso, a gente tem que cuidar de proteger a infância, porque lugar de criança é na escola, lugar de criança não é no trabalho.”

Segundo a professora Zileide Lucinda dos Santos, diretora de gestão educacional, o combate ao trabalho infantil se dá por meio da educação aliada aos programas sociais. “É insustentável ainda a gente querer discutir essa questão do não ao trabalho infantil se nós não tivermos políticas públicas, se a gente não tiver essa distribuição de renda de forma mais equitativa, para a população brasileira, para a população cuiabana, então essa é uma condição sine qua non para que a gente consiga avançar nessa questão.”

Em sua fala, a secretária-adjunta municipal de Educação de Cuiabá, professora Débora Marques Vilar, na oportunidade representando a secretária de Educação, Edilene Machado, enalteceu o projeto MPT na Escola. “Ressalto a importância desse projeto, que é uma iniciativa do Ministério Público, e eu já gostaria de cumprimentar o procurador, dr. André Canuto, dizer da felicidade de tê-lo aqui, em nome do prefeito, e dizer muito obrigado por essa parceria que vem dando certo já há algumas edições. (…) Para chegarmos até aqui, foi realizada toda uma mobilização com a comunidade escolar, no sentido de refletirmos a importância de erradicar esse mal que infelizmente ainda assola nossa sociedade, que tem tirado crianças e adolescentes das escolas e roubado suas infâncias.”

A secretária-adjunta também parabenizou o desempenho do coordenador municipal do projeto, Edmilson Marques, que está à frente dos trabalhos pelo segundo ano consecutivo. “Por ora, acreditamos que a semente foi plantada, mas sabemos que a nossa responsabilidade frente a essa situação não pode parar por aqui. (…) Quero de forma carinhosa parabenizar o nosso coordenador, Edmilson Marques, pela dedicação em todas as edições. Ele tem um amor por esse projeto e isso é transmitido diariamente, a gente consegue sentir essa dedicação toda e envolver toda as unidades escolares.”

Para Marques, o trabalho, de tão significativo, ultrapassou as 10 unidades que se engajaram de uma forma mais direta nas ações do MPT. “Eu estou pelo segundo ano como coordenador municipal, e a gente sabe desses desafios que a pandemia e o pós-pandemia vêm trazendo para a gente, mas pelo que já vi um pouquinho acompanhando os trabalhos que foram inscritos, a gente fica bastante feliz em ver o resultado de tudo o que foi realizado e dentro do plano municipal (…) E o que a gente sempre orientou é que o MPT na Escola não é um projeto que teria que parar o que estivéssemos fazendo, mas sim agregá-lo dentro do próprio planejamento em relação aos conteúdos e às habilidades que foram trabalhadas durante todo esse processo.”

Marcela Rezende Guimarães Martins, coordenadora de Programas e Projetos, falou sobre o desafio que é combater o trabalho infantil no mundo. “Uma em cada 10 crianças e adolescentes o mundo se encontra em situação de trabalho infantil o mundo. (…) No Brasil, temos 706 mil que estão ocupando piores formas de trabalho infantil.” Segundo a educadora, a escola é um dos espaços que podem fomentar esse diálogo. “As discussões sobre temas contemporâneos, sobre a atualidades, a gente tem que levar para o ambiente escolar sim, e aí a educação infantil é uma agenda importante, é emergente, mas a gente acredita que só ganha força quando a gente faz um trabalho em rede.”

Marcas

Durante a transmissão, o depoimento de Elijane Gonçalves Lopes, coordenadora Técnica de Ensino, deixou todos sensibilizados. Ela, que foi vítima de trabalho infantil, afirmou que consegue perceber uma evolução em relação a como o problema tem sido tratado.

“A sociedade está evoluindo, há movimentos como esse, há pessoas envolvidas na educação libertadora que estão fazendo seu papel e nós podemos hoje estar aqui neste evento de premiação para premiar essas crianças e esses adolescentes e todas essas unidades envolvidas. Eu me sinto muito grata de estar aqui, do outro lado, podendo ver uma outra realidade, de crianças e adolescentes eu não precisam passar por isso e lutando junto para que isso seja cada vez menos real.”

Em seu relato, a professora, que começou a trabalhar ainda com 10 anos de idade, dividiu os detalhes que fazem dessa experiência uma ferida ainda aberta. “Eu trabalhava durante o dia e estudava à noite, trabalhava no supermercado e o trabalho era bem puxado na época, trabalhava com repositora. Fazia quinta série e era muito complicado, então até hoje a gente traz as sequelas deste período, tanto eu quanto meu irmão, então a gente sabe muito bem. Tem pessoas ainda que levantam a bandeira a favor do trabalho infantil, da exploração do adolescente e eu fico imaginando o que a gente passou nesse período, o quanto era difícil…Você imagina uma criança de 10 anos ter que trabalhar o dia inteiro com uma hora de intervalo de almoço, ter que estudar até as 10 horas da noite, chegar exausta e no outro dia acordar às 5h30 e estar às 6h30 no trabalho de novo, passar ali o dia inteiro em pé… Eu não brincava, não tinha esse tempo nesse período da minha vida.”

Vencedores

Confira os nomes dos(as) vencedores(as):

CONTO

3º lugar
EMEB José Luis Borges Garcia
Queren Hapuque da Silva Almeida
4º B

2º lugar
EMEB Nossa Senhora Aparecida
Nicolly da Silva
6º C

1º lugar
EMEB José Luis Borges Garcia
João Gabriel Silva Schuina
4º B

POESIA

3º lugar
EMEB Senhorinha Ana Alves de Oliveira
Kimberlly Naone dos Santos Queiroz
5º B

2º lugar
EMEB Ana Teresa Arcos Krause
Ana Carolina Fernandes Garcia
Milena Rodrigues Oliverk
5º A

1º lugar
EMEB Nossa Senhora Aparecida
Marcos Olivie Redher Alves
5º C

DESENHO

3º lugar
EMEB Nossa Snhor Aparecisa
Arieli Balduino da Silva
4º C

2º lugar
EMEB Madre Mara Cerutti
Louise Advíncula Galvao
5º A

1º lugar
EMEB Ana Teresa Arcos Krause
Enzo Gabriel almeida Silva
4º B

MÚSICA

2º lugar
EMEB Nossa Senhora Apareida
Maria Luiza da Costa Silva
Gyovanna Perez Carvalho Carneiro
Ryan Gabriel Ferreira da Silva Santos
5º B

1º lugar
EMEB Antônia Tita Maciel de Campos
Ana Suri Lemes Ribeiro
5º A

 

Assessoria de Comunicação ∣ MPT-MT

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